"[...] a infância não é apenas, ou sobretudo, uma etapa da vida, algo que transcorre num tempo cronológico e, sucedendo, supera-se. Ela habita sem ser percebida, toda palavra como sua condição, como um sombra, como um resto, como uma diferença não percebida. [...] Assim, a infância se torna não apenas fase para adquirir a palavra; mas sobretudo, estado latente que habita toda palavra pronunciada: a de uma criança, mas também a de um adulto e de um ancião, a de qualquer ser humano. [...] A infância passa como etapa, mas ela sobrevive como infantia." (Kohan, 2010)

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Refúgios: parte 1/3

Ah, os refúgios... que experiência maravilhosa! A partir de minhas primeiras experiências de construção de refúgios para os bebês, pude presenciar o que relatam Palacios e Paniágua: 

Nos primeiros anos, pelo menos até os 3 anos, nunca será demais insistir na necessidade de haver nas salas se aula áreas com pouco tráfego, refúgios indispensáveis para alguns meninos e meninas para os quais é muito cansativo estar sempre no grupo agitado e barulhento” (Palacios, Paniagua, 2007, p.161).
Os refúgios construídos, em um primeiro momento não serviram propriamente para este fim. A casinha das fotos possuia muitos atrativos e outros objetivos além do refúgio que pretendia ser. Aberturas frontais e laterais para permitir a interação entre o lado de dentro e o de fora, figuras de crianças e um espelho em seu interior (identidade) e celofane colorido em algumas das aberturas (experiência sensorial), chamaram a atenção das crianças, provocando um grande fluxo ao redor da casinha. Passada a curiosidade da exploração inicial, a casinha continuou em nossa sala. Nos dias (e meses) que se seguiram, ela pode servir como refúgio para os bebês que queriam ler um livro ou brincar de forma mais reservada, ou mesmo esconder-se, desfrutando de  momentos mais reservados, como citam os autores.




6 comentários:

Barbara Nonato disse...

É necessário propiciar na criança possibilidades de desenvolvimento individual, além de socialização, apesar destes dois fatores estarem interligados. Os refúgios, além de oferecer a possibilidade do acolhimento no momento em que o grupo não é diretamente um interesse da criança, favorece uma série de descobertas (mais ainda quando estão disponíveis dentro destes refúgios recursos, conforme você citou).
Interessantíssima a proposta, pena que por aqui a maioria dos colégios (principalmente os de rede pública) não disponibiliza tantos atrativos/recursos à população infantil. Percebemos com isso que, ao invés de suprir possíveis carências, os gestores acabam por fomentá-las.
Eu adorei o blog!

JessicA disse...

Obrigada! Realmente ainda em muitas escolas são oferecidas poucas possibilidades às crianças. Infelizmente há pessoas que pensam que por se tratar de crianças pequenas, basta "largar um brinquedo nas mãos" e "cuidar direitinho". A questão passa diretamente pela esfera política, uma vez que a valorização dos profissionais da educação infantil ainda é uma luta em grande parte dos municípios.
Abraço Bárbara! :)

Barbara Nonato disse...

O que observo aqui é que não valorizam o profissional. Apenas oferecem alguns poucos recursos que acabam por ser indevidamente usados. Exemplo disso: as salas de aula da rede pública são equipadas com TV e aparelho de DVD, porém o uso torna-se inadequado a partir do momento que o professor o utiliza somente como um passatempo, quando na realidade poderia explorar a ferramenta de forma didática, fazendo trabalhos subsequentes aos vídeos apresentados.Sendo assim,se há tempo as crianças assistem a 'um desenho qualquer' até o momento em que o sinal toca e muitas vezes o tal desenho nem é visto até o final, interrompido pelo término do horário de aula.
Triste realidade!...

JessicA disse...

Realmente, triste realidade! Mas sou otimista :)
Se procurarmos culpados sempre vamos achar, entretanto, melhor do que ficar procurando-os é cada um responsabilizar-se pela parte que lhe cabe. Procuro isso na minha prática, espero que esteja conseguindo :)

Elizabete Baptista de Godoy disse...

JESSICA,

parabéns pela iniciativa. Fico muito feliz quando vejo educadores partilhando, divulgando e incentivando os bons profissionais da educação.
Sucesso!

Bete Godoy
Para Além do Cuidar

Elizabete Baptista de Godoy disse...

Jessica,

parabéns pela iniciativa. Fico muito feliz quando vejo educadores partilhando, valorizando e incentivando os bons profissionais da educação.
Sucesso!
Bete Godoy
Para Além do Cuidar