"[...] a infância não é apenas, ou sobretudo, uma etapa da vida, algo que transcorre num tempo cronológico e, sucedendo, supera-se. Ela habita sem ser percebida, toda palavra como sua condição, como um sombra, como um resto, como uma diferença não percebida. [...] Assim, a infância se torna não apenas fase para adquirir a palavra; mas sobretudo, estado latente que habita toda palavra pronunciada: a de uma criança, mas também a de um adulto e de um ancião, a de qualquer ser humano. [...] A infância passa como etapa, mas ela sobrevive como infantia." (Kohan, 2010)

terça-feira, 8 de outubro de 2019

Que tal uma sala de aula de Ensino Fundamental assim?


É possivel implementar conceitos de organizacao de sala de aula da Educacao Infantil no Ensino Fundamental?


Como educadora que já trabalhou em ambas as etapas - Infantil e Fundamental - essa foi uma pergunta que sempre me fiz. Educadora infantil por paixäo, sempre tive um pé atrás com a "pedagogia" do Ensino Fundamental - sempre me pareceu que - com o avancar das etapas escolares - o ambiente educativo ia ficando mais e mais adulto-centrado.

Depois de anos na Educacao Infantil... Pois bem, por acasos da vida, voltei ao Ensino Fundamental. Ainda que a minha sala de aula de primeiro ano possua um espaco reservado ao brincar, as 21 cadeiras e mesas me incomodam -MUITO!

Eis que tentanto elaborar uma forma de possibilitar que as criancas transitassem pela sala de maneira mais fluida, que tivessem acesso mais livre aos materiais, que experimentassem o ambiente da sala de aula como um terceiro educador, me deparei com uma ideia que me trouxe novas esperancas. Conversando com uma colega que trabalhou nos EUA, fui apresentada ao conceito de "flexible seating".

"Flexible seating" (ou espelho de classe flexível - em uma grossa tentativa de traducao) é um arranjo de classe em que proporciona-se múltiplas possibilidades de "espacos de trabalho" aos alunos. A preocupacao com a estética do ambiente (tornando-o o mais aconchegante possivel) e com as diferentes possibilidades de posicao corporal oferecidas ao aluno, säo elementos chave do "flexible seating".

Há diferentes formas de organizar a dinamica dos alunos em uma sala de aula flex. Cadeiras e mesas no estilo convencional desaparecem mas combinados de boa convivencia näo. O que faz o sistema funcionar säo as combinacoes que o grupo estabelece. Seguem alguns exemplos de regras de boa convivencia para aderir ao sistema:


  • Escolha um "lugar inteligente" que te ajude a aproveitar todo o seu potencial de aprender
  • Materiais coletivos pertencem a todos nós - ajude a cuidar deles
  • Use cada assento da forma como ele foi feito para ser usado
  • Quando você trocar de lugar, deixe o local limpo e organizado para o proximo colega
  • Se um determinado lugar näo está funcionando para você, troque de lugar
  • Escute explicacoes atentamente e participe de discussoes coletivas. Se precisar trocar de lugar, espere até que a explicacao/discussao tenha terminado
Encontrei estes combinados na internet, de professores que trabalham com "flexible seating". Descobri que há professores que mantem um "lugar de origem" para que os alunos voltem quando necessário, enquanto outros deixam os alunos se organizarem livremente durante toda a duracao do dia. Particularmente, acredito totalmente no estabelecimento de combinados especificos que funcionem para cada grupo - daí a importancia de construir juntos. Estou agora em processo de "design" do espaco e irei, com certeza, implementar o conceito em minha sala de aula.
Do meu ponto de vista, a principal vantagem da sala de aula flex no Ensino Fundamental é permitir que os alunos utilizem de forma fluida o ambiente como educador auxiliar e, embora este conceito näo seja intrinsico ao flexible seating, me parece um casamento perfeito! 

E você, o que acha? Na sua opiniao, quais seriam os prós e contras de tal aventura? 

sábado, 21 de setembro de 2019

Sala de aula tem que ser colorida! Será? Por quê?


A sua sala de aula é colorida? Você sabe me dizer por quê?

As fotos acima são da minha sala de aula de educacao infantil do ano de 2017/18 na China. A filosofia da escola em que eu trabalhava na época, inspirava-se na filosofia das escolas de Reggio Emilia (Italia) e, embora eu houvesse estudado sobre Reggio e a imensa importancia que eles dão ao protagonismo infantil, nunca havia me apegado na aparencia dos ambientes.

Para deixar um ponto bem claro, nao estou querendo te convencer de que a sua sala de aula colorida está errada. O post é um convite à pensar sobre a pedagogia vinculada aos espacos de educacao.

As salas de aula inspiradas na filosofia de Reggio além de propiciarem o protagonismo infantil nas interacoes com os materias, possuem o elemento estético como um ponto chave. O uso das cores neutras permite que as criacoes infantis (seus desenhos e a documentacao pedagogica recolhida e exposta nas paredes e espacos da sala) sejam os elementos a chamar mais atencao no ambiente. Nesta direcao, o uso excessivo de cores desvia a atencao do que deve ser o principal elemento da sala - as criacoes infantis.

Agora se a sua sala é colorida, também existem pedagogias que defendem o uso explosivo de cores na sala de aula.  O que quero chamar a atencao é: você usa cores porque acredita que elas sejam beneficiais ao aprendizado das criancas, ou porque alguem lhe disse que tinha de ser assim?

Uma vez ouvi de uma auxiliar de educacao da escola que eu trabalhava (no Brasil) que o nosso refeitorio parecia um hospital. Segundo ela, faltavam cores e "escola de educacao infantil tinha que ser colorida". Lembrando do ambiente, preciso concordar que faltava vida no espaco. Mas será que cores são a unica (ou a melhor) solucao para deixar transparecer a vida que acontece diariamente nos espacos escolares?

domingo, 12 de agosto de 2012

Ética e avaliação das crianças

Este post é uma tentativa de resumir o artigo acadêmico que produzi a partir de minhas reflexões entre a infância, a filosofia e a avaliação das crianças.

Ao ler alguns pareceres descritivos das crianças da educação infantil, me chamam a atenção, me perturbam e incomodam algumas palavras como "dificuldade", "resistência", e por aí vai...

Perturbam por quê? Porque enxergam a criança do ponto de vista do que lhe falta, e não do que ela, de fato, é. Não me entendam mal... estas expressões utilizadas para narrar as crianças incomodam devido a formação que venho tendo em meus estudos sobre a infância - e sei que tal preocupação ainda não aparece em muitos cursos de pedagogia.
Esta visão da criança como adulto em potência, como imperfeita porque ainda não possui as qualidades que todo adulto normal deve possuir é absolutamente natural na tradição pedagógica (Kant e Durkhein fundamentam bem estas teorias) - mas lembremos:  a pedagogia tem passado por reformulações...

Os atuais estudos sobre infância, que tem dado novos rumos a pedagogia (Corsaro, Sarmento, Qvortrup entre outros), consideram a criança como ator social competente, pleno de direitos e cuja voz deve ser ouvida - a criança não é adulto em potencia, é pessoa!

E o que isto tem a ver com ética?
O fato é que não ocorre a muitos adultos que as crianças também são merecedoras de uma relação ética. É ético um adulto em posição hierárquica superior dizer a seu subordinado que este tem "dificuldade"? Não é assim que comunicamos as coisas aos adultos, certo?
Procuramos todos os aspectos positivos da pessoa, tentamos compreender seus pontos fortes e apontar caminhos para que esta consiga superar os desafios que se lhe põem à frente. Embora os colegas do João (40 anos) possam até dizer nas suas costas que ele tem dificuldades de relacionamento (e esta é a visão dos colegas do João), seu superior, se tiver um compromisso com a ética, jamais escreverá em sua avaliação tal coisa.
Não podemos esquecer que a avaliação, como um documento institucional, tem força de verdade na constituição do sujeito. Foucault alerta a respeito da incompletude da palavra. Segundo ele "por mais que se diga o que se vê, o que se vê não se aloja jamais no que se diz" (Foucault, 1999, p.25). Assim, é um compromisso muito grande escrever sobre as crianças. Compromisso que deve ser pensado sempre em uma relação ética com os infantes.



 Após a publicação, disponibilizo o artigo em si, se alguém quiser ler mais... ;)

TREIN, J. D.. AVALIAÇÃO COMO EXPERIÊNCIA ÉTICA: Reflexões sobre as vivências de uma professora-aluna da Pedagogia à distância da UFRGS. RENOTE. Revista Novas Tecnologias na Educação, v. 11, p. 16, 2013.

Disponivel em:
https://seer.ufrgs.br/renote/article/view/43657/27475


Referências:

Foucault, Michel. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Refúgios: parte 1/3

Ah, os refúgios... que experiência maravilhosa! A partir de minhas primeiras experiências de construção de refúgios para os bebês, pude presenciar o que relatam Palacios e Paniágua: 

Nos primeiros anos, pelo menos até os 3 anos, nunca será demais insistir na necessidade de haver nas salas se aula áreas com pouco tráfego, refúgios indispensáveis para alguns meninos e meninas para os quais é muito cansativo estar sempre no grupo agitado e barulhento” (Palacios, Paniagua, 2007, p.161).
Os refúgios construídos, em um primeiro momento não serviram propriamente para este fim. A casinha das fotos possuia muitos atrativos e outros objetivos além do refúgio que pretendia ser. Aberturas frontais e laterais para permitir a interação entre o lado de dentro e o de fora, figuras de crianças e um espelho em seu interior (identidade) e celofane colorido em algumas das aberturas (experiência sensorial), chamaram a atenção das crianças, provocando um grande fluxo ao redor da casinha. Passada a curiosidade da exploração inicial, a casinha continuou em nossa sala. Nos dias (e meses) que se seguiram, ela pode servir como refúgio para os bebês que queriam ler um livro ou brincar de forma mais reservada, ou mesmo esconder-se, desfrutando de  momentos mais reservados, como citam os autores.




terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Sonhando com um espaço externo CHEIO

Início de ano letivo... Me dei conta com certa tristeza de que é meu último ano na APM da escola (4 anos consecutivos, pelo nosso regimento é o máximo) e já comecei a pensar no fechamento deste ciclo. Acompanhei muitas coisas boas na escola desde que trabalho lá, muitas mudanças positivas, erros e acertos. Mas de um tempo para cá, não é novidade para quem que acompanha meu trabalho, tenho voltado meu olhar para o espaço. Dentro da minha sala procuro organizá-lo para que propicie o máximo de acolhimento, aprendizagens e desafios, mas... e o pátio?
Depois de 2 anos no berçário, aproveitando todas as possibilidades de levar os bebês para o espaço externo - não sem dificuldades - sonho muito para nosso pátio. Sonho um espaço cheio. Quando digo cheio, não me refiro a quantidade de brinquedos, mas às significações de crianças e adultos. Sonho um pátio que ofereça possibilidades de interação significativa e diversificada. Um pátio cheio de sentidos, planejado para isso. Penso que por vezes o espaço externo não recebe (dos adultos) o devido valor. Menosprezamos o espaço externo e as relações entre crianças que ali ocorrem quando o enxergamos apenas como "um lugar para correr", "um lugar onde as crianças podem ficar livres". Quando olhamos para o pátio desta forma, ele é vazio. Vazio de planejamento, ou talvez pior - vazio de intencionalidade educativa.
Mas sonho com um pátio cheio!
Compartilho com vocês os slides que organizei na tentativa de estruturar coisas mais concretas para propôr na escola. 
Enjoy, it's just beginning :)

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Variações sobre o mesmo tema: ganchos e intervenções no espaço parte IV

Para encerrar esta série de postagens (o objetivo das atividades da série - todas realizadas na mesma semana - era incentivar a locomoção independente, a curiosidade e a experiência sensorial, lembram?), coloco aqui as fotos dos cestos. Estes cestos foram comprados em bazar (de tecido, com uma estrutura de arame fino, são dobráveis para guardar e bem baratos). Pendurei quatro deles em lugares diferentes da sala, usando um elástico (daqueles de costura) para prender ao teto. Novamente, alguns foram colocados mais baixos, outros mais altos, só que desta vez, à medida que os bebês puxavam eles vinham até o chão. Dentro dos cestos balões coloridos e algumas formas geométricas, confeccionadas em T.N.T, com aromas e texturas diversas. Não sei se há um nome para estas formas, mas a inspiração veio dos blocos lógicos. 
Confeccionei 4 círculos, 4 quadrados e 4 triângulos, nas cores azul, roxo, verde e vermelho (um conjunto de formas de cada cor). No T.N.T, pinguei essências aromáticas, para aguçar o 
olfato (por vezes esquecido em nosso trabalho pedagógico). Utilizei as essências de canela (peças vermelhas), limão (peças verdes), baunilha (roxas) e camomila (azuis).
Os círculos foram recheados com sacolinha plástica (daquelas de mercado) para fazer barulho quando manipulados pelas mãozinhas curiosas dos bebês. (Recortei dois círculos de T.N.T, colei as bordas com cola quente, deixando um espaço aberto para "rechear". Coloquei a sacolinha dentro e fechei com cola quente).
Os triângulos foram recheados com fibra para almofada e guizos, e os quadrados com capas de cd e clips e chaves dentro.
O material estimulava assim a visão (cores diferentes), a audição (sons diferentes ao serem manipulados) e o olfato (essências diferentes para cada cor). Uma pena não ter disponível tipos de tecido diferentes para estimular também o tato - (fiz com o material que tinha em casa e na escola. Sem muitos gastos, vocês sabem...)
Não me lembrei de fotografar o material sozinho, mas as peças podem ser vistas nas fotos dentro dos cestos, junto com os balões. O que aconteceu na exploração destes materiais todos juntos (as peças confeccionadas, os cestos pendurados, os balões...) isto dispensa comentários - as fotos fama por si só!

Para expor trabalhos (dentro ou fora da sala)

Uma ótima idéia que encontrei no blog http://cmeitortato.blogspot.com, por sua vez compilada de http://familyfun.go.com/crafts/crafts-by-material/cardboard-crafts/cardboard-structures/art-drying-gallery-672399/
Perfeito para expor trabalhos dentro ou fora da sala. Um ótimo complemento para um "Cantinho das Artes" dentro da sala. Simples, bonito, barato e muuuuito funcional. (Assim que testar publico minhas próprias fotos ;)




quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Idéias de Reeleituras

Esta postagem estava no meu outro blog (data de postagem 03 de outubro de 2007). Resolvi publicá-la também aqui pois se refere ao meu trabalho de sala de aula na Educação Infantil :)

Não reescrevi o post (o texto é o original de 2007)

Estou desenvolvendo um projeto de Artes com meus alunos do maternal 1. Comprei recentemente um livro maravilhoso com sugestões de atividades para crianças pequenas (Iniciação à arte para crianças pequenas - Maryann F. Kohl, Renee Ramsey e Dana Bowman - Artmed). Adorei porque as atividades focam o processo, e não o produto, o que eu acredito que é de suma importância para as crianças pequenas (que não tem condições de fazer obras belíssimas como os adultos gostariam de ver). Bem, o fato é que pensei inicialmente neste projeto em fazer atividades de arte processual e mostrar algumas obras famosas com as quais os alunos conseguissem estabelecer algum tipo de identificação, mas jamais pensei em releitura, em função da idade de meus alunos (entre 1 ano e meio e dois anos e meio), pois eles não conseguem nem representar através do desenho ainda, fazem apenas garatujas. Já havia escolhido algumas obras pra apresentar à eles (Os Girassóis de Van Gogh, por sua cor vibrante e tema simples, O Grito de Edvard Munch, pela sua temática de fácil entendimento e alguma obra ainda a escolher de Piet Mondrian, pelas cores e formas geométricas), mas iria apenas mostrar as imagens e conversar.
Como uma aprendizagem produz outra (
nosso cérebro é ativo, graças a Deus!), a idéia dada pela professora na aula presencial havia sido pensada por mim apenas para os alunos grandes (outra realidade com a qual também trabalho), mas quando fiz o meu plano desta semana deu um "click". Por que não fazer releituras desta forma também com os pequenos?
O que parecia antes impossível (pela incapacidade de representação gráfica das crianças), ficou fácil, quando mudei o pensamento do plano da representação gráfica para a representação corporal. O resultado visual ficou MARAVILHOSO!!! Ainda vou realizar a atividade durante toda a semana e por enquanto as crianças estão vendo suas releituras apenas na tela da câmera digital. No final da semana vou passar pra um cd e levá-los para ver os seus GRITOS na sala de tv.

  
O GRITO                             O Grito da ********          O Grito do ********
Edvard Munch


O Grito do ******

Variações sobre o mesmo tema: ganchos e intervenções temporárias III

 E encontramos mais coisas para pendurar...
Bambolês revestidos com tiras de celofane (de uma só cor e de várias cores) e tiras de T.N.T.

O objetivo era que, ao passear pela sala, entrando nos espaços criados pelas tiras coloridas, as crianças pudessem vivenciar as diferenças de cor, transparência e opacidade. 

Ainda que os bebês não diferenciem estas qualidades através da linguagem, é importante que vivenciem as diferenças no âmbito sensorial. Não serão capazes de nomeá-las agora (é lógico, ainda não falam! rsrsrs), mas percebem que os materiais são diferentes. Vivenciam através do tato, da exploração oral, da visão... (e isto lhes será fundamental na construção da linguagem)
 Foi interessante perceber como os espaços criados com o celofane serviram a uma exploração mais dinâmica (os bebês corriam para passar entre as tiras, balançavam-nas freneticamente), enquanto os espaços criados com o T.N.T, embora também tenham sido explorados de forma intensa nos primeiros instantes, serviram como espaços mais intimistas, onde os bebês podiam esconder-se.

Variações sobre o mesmo tema: ganchos e intervenções temporárias II

Na mesma semana (com o mesmo objetivo)

 Garrafas pet com objetos diversos dentro (algumas com papel celofane, outras com brinquedos, bolinhas de gude...) tudo para chamar a atenção e despertar a curiosidade dos bebês. 

Penduradas com barbante nos nossos ganchos, algumas foram colocadas com o fio mais comprido, outras com o fio mais curto, a fim de proporcionar diferentes níveis de desafio. Desta forma, os bebês que estavam apenas começando a engatinhar podiam deslocar-se até as mais baixas e tocá-las, e os que já caminhavam ou estavam começando a ficar de pé exploravam também as mais altas. Na primeira foto 
uma das crianças se apóia em uma de nossas grandes almofadas de formas geométricas utilizando-a como auxílio para sustentar seu corpo - parte de seu processo de aprendizagem de domínio do equilíbrio e sustentação :)

Alguns ganchos no teto e... Voilá


Esta foi uma das minhas primeiras experiências com intervenções no espaço da sala de aula. Posso dizer que foi o início de um ciclo de aprendizagens (minhas) a respeito das aprendizagens dos bebês. A proposta era inserir elementos (que pudessem ser retirados a qualquer tempo) no espaço da sala para a livre exploração dos bebês.
Na concepção de espaço como educador auxiliar (Barbosa e Horn, 2003), os elementos são inseridos na sala de acordo com objetivos específicos. O trabalho do professor não se concentra apenas em atividades (com tempo de duração pré-determinados), mas em planejar este espaço de forma que ele desencadeie aprendizagens.

Nesta primeira experiência, os objetivos eram incentivar a locomoção independente (cada um de acordo com suas possibilidades: caminhando, engatinhando...) e explorar a motricidade fina.



Depois de muiiiiiito tempo...

Amo meu trabalho, amo o que faço. O blog é um projeto antigo. O registro do meu trabalho através de fotos já se tornou uma prática (uma prática que aliás, recomendo). Registrar através de fotos para mim é a melhor forma de mostrar aos pais a dimensão do nosso trabalho. Mas... confesso: tenho uma dificuldade enooooooorme em encontrar tempo pra postar o que faço.
Gostaria do fundo do coração de encontrar tempo ao longo do ano para atualizar os posts, dividir o que venho fazendo, pensando... Mas por ora, vou me concentrar nas postagens "atrasadas", rsrsrs

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Fotos para os bebês

Fazer fichas com a foto e o nome das crianças é uma prática comum com crianças maiores, mas os bebês também podem tirar proveito destas fichas, reconhecendo a sua imagem e a dos colegas, e aprendendo um pouco mais sobre o universo da escrita. Embora a plastificação quente (aquela que deixa a ficha mais resistente) seja uma solução para que os bebês possam manipular as fichas (a prova de rasgadura e exploração oral), não é uma alternativa muito barata quando a turma é grande. Colocar as fichas em caixas de cd e lacrá-las com fita durex deixa-as tão resistentes quanto a plastificação (ou ainda mais). As fichas podem servir para exploração em atividades livres e dirigidas. Se quiser incrementar pode-se fazer uma "chamada", confeccionando um painel de tecido com bolsos plásticos para colocar a foto de quem está presente.
O fundo da foto foi removido no Photoshop e substituído por rosa (para as meninas) e azul (para os meninos).

Para tirar as fraldas

A retirada das fraldas é um processo que exige cuidado e deve ser encarado de forma natural. O livro de Benoit Charlot é uma opção interessante para se começar a falar sobre o assunto com crianças que irão iniciar esta nova etapa.

Alfabeto


Um alfabeto concreto com crianças entre um e dois anos possui a vantagem de ser interativo. Para que um alfabeto tenha sentido em uma sala de aula de Educação Infantil é preciso que os adultos envolvidos lhe atribuam este sentido.
Convidar as crianças para brincar de peteca, experimentar os óculos do alfabeto e olhar-se no espelho, ou marchar ao som do apito (que pode soar mais rápido ou mais devagar) são algumas das atividades que podem ser realizadas com este recurso.

Adaptação



Registrar o comportamento da criança nas duas primeiras semanas de aula pode ser muito útil para descrever posteriormente como ela adaptou-se ao novo grupo. Em turmas grandes não é uma tarefa muito fácil escrever diariamente sobre o comportamento de cada aluno. Sem dispensar o registro mais detalhado nos momentos oportunos, planilhas com aspectos da rotina podem ser muito úteis para não esquecer de nada.

Começando o ano...

Antes mesmo de pensar sobre as atividades a serem realizadas no início do ano gosto de pensar sobre como vou avaliar meus alunos. A rede em que atuo adota o parecer descritivo (um por semestre). Sabendo desde o início do ano sobre o que se vai escrever fica mais fácil sistematizar o acompanhamento (cada professor tem o seu caderno de acompanhamento do aluno onde deve anotar semanalmente algo sobre o desenvolvimento da criança) e coletar dados para a redação do parecer descritivo, afinal um semestre passa num piscar de olhos.
A seguir algumas fichas que desenvolvi para registrar os dados das crianças. No primeiro mês faço um grande diagnóstico. Ao final do semestre este diagnóstico inicial é fundamental para verificar os avanços dos alunos.

Nesta ficha de acompanhamento registra-se como a criança está nos quatro aspectos:

MOTOR (locomoção:ainda não caminha, está dando os primeiros passos, caminha com desenvoltura, consegue correr, corre com desenvoltura, etc.; motricidade fina: seu desempenho com um giz de cera, com a colher na hora da alimentação, ao virar páginas de revista, etc.)

COGNITIVO (compreende o que lhe dizem, compreende regras simples, executa ordens, compreende conceitos de forma, cor, espaço, tempo, etc.)

SOCIAL (como se relaciona com o grupo, brinca individualmente, já consegue socializar brinquedos e brincadeiras, como é sua interação nas atividades propostas, etc.)

LINGUAGEM (comunica-se apenas através do choro, emite sons vocais mostrando o que quer, seus sons começam a transformar-se em pequenas sílabas, consegue falar pequenas palavras de forma isolada, agrupa duas ou três palavras formando pequenas
frases, fala frases mais elaboradas

ESTES EXEMPLOS DE ANOTAÇÃO SÃO BASEADOS EM MINHA EXPERIÊNCIA COM O MATERNAL 1. A MESMA FICHA PODE SER ADOTADA PARA OUTRAS IDADES OBSERVANDO-SE AS CARACTERÍSTICAS DE EVOLUÇÃO DA ETAPA ESPECÍFICA